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Não há, não,

duas folhas iguais em toda a criação!

Não há, não,

duas folhas iguais em toda a criação.

 

Ou nervura a menos, ou célula a mais,

não há, de certeza, duas folhas iguais.

Limbo todas têm,

que é próprio das folhas;

pecíolo algumas;

baínha nem todas.

Umas são fendidas,

crenadas, lobadas,

inteiras, partidas,

singelas, dobradas.

Outras acerosas,

redondas, agudas,

macias, viscosas,

fibrosas, carnudas.

Nas formas presentes,

nos actos distantes,

mesmo semelhantes

são sempre diferentes.

Umas vão e caem no charco cinzento,

e lançam apelos nas ondas que fazem;

outras vão e jazem

sem mais movimento.

Mas outras não jazem,

nem caem, nem gritam,

apenas volitam

nas dobras do vento.

É dessas que eu sou.

António Gedeão

A Poesia e as Árvores

E se eu fosse...uma árvore!

Se eu fosse um azevinho,

seria uma árvore colorida,

pintaria de verde e vermelho

a Quadra que celebra a vida!

 

Se eu fosse um carvalho alvarinho,

teria bolotas e uma forte raiz.

Entre os meus ramos de folhas lobadas,

um passarinho cantaria feliz!

 

Se eu fosse um carvalho americano,

exibiria uma copa ampla e frondosa.

Folhas caducas de lobos triangulares

dar-me-iam uma aparência majestosa!

 

Se eu fosse um carvalho negral,

apresentaria folhas lobadas e tomentosas.

Com o meu tronco direito e casca cinzenta,

desenharia sombras deliciosas!

 

Se eu fosse um castanheiro comum,

dos meus ouriços espinhosos

espreitariam as belas castanhas,

frutos apreciados e apetitosos!

 

Se eu fosse um castanheiro da Índia,

dançaria ao vento com folhas digitadas.

Cada ouriço protegeria uma castanha,

repelente popular para traças indesejadas!

 

Se eu fosse um cedro dos Himalaias,

com o perfume enriqueceria o ambiente,

e os meus óleos essenciais e terapêuticos

seriam valorizados mundialmente! 

 

Se eu fosse um cipreste de Lawson,

com folhas escamiformes e porte piramidal,

a minha madeira, resistente e perfumada,

para carpintaria considerarias ideal!

 

 Se eu fosse uma faia,

alimento para os animais daria.

Preencheria a paisagem de tons de outono,

e na primavera novas folhas ofereceria!

 

Se eu fosse um freixo,

folhas compostas teria.

Na sombra dos meus ramos,

a amizade cresceria!

 

Se eu fosse um loureiro cerejo,

de dotes ornamentais admirados,

faria sebes em paisagens decoradas,

e jardins com labirintos encantados!

 

Se eu fosse um loureiro comum,

pratos saborosos confecionaria.

Com o aroma das minhas folhas

 deliciosas iguarias provarias!

 

Se eu fosse um medronheiro,

o medronho seria o meu fruto.

Saborosos doces, batidos ou Licores,

surpreenderiam o provador mais astuto!

 

Se eu fosse uma oliveira,

a azeitona colherias.

Com o azeite saboroso,

muitos pratos provarias!

 

Se eu fosse um pinheiro de casquinha,

folhas aciculares observarias.

Trinados entre as minhas ramagens,

de aves agitadas ouvirias!

 

Se eu fosse um plátano bastardo,

árvore de folhas palmadas,

com os xaropes da minha seiva

combinarias panquecas ou torradas!

 

Se eu fosse uma pseudotsuga,

teria cones com sementes aladas.

Por debaixo das minhas agulhas

passarias tardes engraçadas!

 

Se eu fosse uma tília,

oferecer-te-ia chá e carinhos.

As minhas folhas cordiformes

seriam esconderijo dos ninhos!

(Elaborado pelos alunos no CAAp)

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